Chapadão do Céu

Parque Nacional das Emas

A chamada colonização do Cerrado iniciou-se em fins do século XVI com os franceses antes de 1616. Posteriormente, com os jesuítas, ao norte, no rio Tocantins, e ainda com os bandeirantes de São Paulo, pelo sul. Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, eles foram invadindo e fundando várias povoações no Cerrado, como a Vila Rica de Goiás, Cuiabá e Vila Bela, em Mato Grosso.

A ocupação efetiva da região levou dois séculos (1750-1960), após várias tentativas de colonização e lutas contra índios. A história de ocupação do Cerrado é recente, pois em 1946, Aziz Ab’Saber, em suas primeiras expedições ao Cerrado, relatou que naquela ocasião o uso da terra se dava por pequenos fazendeiros que criavam algumas poucas cabeças de gado em grandes extensões de terra e ainda cultivavam lavoura nas beiras dos rios.

Com o aumento na demanda de alimentos e o desenvolvimento de tecnologias nas últimas décadas, esse quadro mudou de forma repentina. Estratégias e políticas agrícolas ajudaram a impulsionar a expansão da fronteira agrícola no Cerrado, principalmente entre os anos de 1960 e 1980, em uma política nacional desenvolvimentista na busca por ocupar espaços vazios do Brasil central e da Amazônia.

Aliada à construção de obras de infraestrutura, a pesquisa agropecuária foi fundamental para a viabilização do cultivo de soja na região, através de programas de pesquisa que tinham que se adaptar às condições de Cerrado. Foi neste contexto que o governo federal lançou, em 1975, o programa para o desenvolvimento do Cerrado, o POLOCENTRO, um programa de crédito subsidiado, em que fazendeiros dispostos a cultivar as terras do cerrado teriam acesso a linhas de crédito fundiário, de investimento e de custeio a taxas de juros. Assim, no final da década de 1980, um terço do Cerrado já havia se convertido em terras agrícolas.

Outra iniciativa que veio contribuir com a ocupação do Cerrado foi o Programa Cooperativo Nipo-brasileiro para o Desenvolvimento do Cerrado (PRODECER), que promoveu o assentamento de agricultores experientes do Sudeste e Sul do país na região do Cerrado. Este programa, iniciado na década de 1980 em Minas Gerais, expandiu-se para Goiás e Mato Grosso do Sul em 1987.

Esses programas governamentais impulsionaram a ocupação de vastas áreas do Planalto Central que estiveram ligadas a outras políticas de ocupação de terras do governo federal. Grandes contingentes populacionais da região Sul se deslocassem para o Centro-Oeste e, posteriormente, para o Norte.

A ocupação dos municípios do entorno se deu principalmente no século XX, com maior intensidade nas décadas de 70 a 90. Contudo, o crescimento populacional ocorreu com um alto custo ambiental, o que inviabilizou as pequenas propriedades e pequenos proprietários rurais, acarretando uma concentração fundiária e êxodo rural da população para os centros urbanos. A expansão da fronteira agrícola foi acompanhada ainda pela progressiva diminuição de geração de emprego no campo, fruto da implantação de pacotes tecnológicos, que empregavam maquinário e insumos agrícolas.

No início dos anos 90, mais de 40% da área dos Cerrados já era ocupada por propriedades agrícolas, e em mais de metade da área restante já existia algum tipo de atividade.

O nome Parque Nacional das Emas possui essa denominação devido à grande quantidade de emas que aí habitavam. Atribui-se ao senhor Filogônio Garcia ser o precursor do Parque, uma vez que aquelas terras constituíam a fazenda Formoso, de sua propriedade. Na condição de vereador em Jataí, na década de 50, teve a sua sugestão aceita em um encontro de municípios na cidade de Rio Verde.

Na década de 60 então, o senador por Goiás, Coimbra Bueno, levou a proposição do Parque à presidência da República. Em 11 de janeiro de 1961, Juscelino Kubitschek assinou o Decreto nº 49.874 criando nos estados de Goiás e Mato Grosso (hoje Mato Grosso do Sul) o Parque Nacional das Emas, nas regiões das nascentes e cursos superiores dos rios Correntes, Aporé, Sucuri e seus tributários, abrangendo áreas devolutas, bem como áreas de domínio privado.

Atrações

A contemplação da paisagem e a observação de animais típicos do cerrado como tamanduá-bandeira, cachorro-do-mato, ema, anta e veados são algumas das atrações.

É possível fazer caminhadas a pé e observar a variedade de bichos e espécies de flores.

Aspectos naturais

O parque preserva as diversas nascentes dos rios Jacuba e Formoso, afluentes do rio Parnaíba, da bacia do rio Paraná. A rede hidrográfica da área é composta pelas bacias do rio Paranaíba, um dos afluentes do rio Paraná, pela bacia do rio Araguaia/Tocantins e pela bacia do Paraguai. A Parna está localizado no Alto Paranaíba, na bacia do rio Corrente com cerca de 7.300 km².

É uma das poucas UCs que apresentam as diversas formas de cerrado dentro do estado de Goiás, como campos limpos, veredas e matas ciliares.

Relevo e clima

A UC apresenta porções elevadas entre 800 e 900 metros de altitude que configuram chapadas ou chapadões de topos aplanados. As cabeceiras de drenagens, situadas no interior e nas bordas dos chapadões, delineiam anfiteatros escavados por erosão remontante.

A região da UC se caracteriza pelo clima tropical, quente, variando de úmido a semi-árido, com até cinco meses de seca.

No extremo norte e extremo sul e nas chapadas, a temperatura média anual varia de 20 a 22ºC. Na primavera-verão, são comuns temperaturas elevadas com média de 24 a 26ºC. A média das máximas de setembro (mês mais quente) oscila entre 30 e 36º.

O inverno é uma estação amena, embora ocorram com frequência. O frio oscila entre 15 e 24ºC, e a média das mínimas, de 8 a 18ºC, não sendo rara a ocorrência de mínimas absolutas negativas.

Fauna e flora

O Parque possui uma rica biodiversidade e abundância de espécie animal, rara e ameaçada de extinção. Entre outros, vivem por lá onças-pintadas e pardas, tatus-canastra, lobos-guará, antas, veados-campeiro, jaguatiricas, cachorros-do-mato, emas.

Há 19 espécies de mamíferos endêmicas do Cerrado e foram registradas 837 espécies de aves distribuídas em 64 famílias.

Os arbustos cobrem 70% do Parque. A flora do bioma Cerrado é ainda pouco conhecida.

Problemas e ameaças

O entorno é ocupado por lavouras de milho e soja e pela pecuária extensiva.

Algumas das pressões sobre a UC são a caça, a ocorrência de incêndios e invasão de espécies exóticas.

A UC contém um número significativo de espécies que constam da lista brasileira e ou das listas estaduais de espécies ameaçadas de extinção e conta com níveis significativos de biodiversidade.

Atualmente, a região do Parque é ocupada principalmente pela agricultura e pecuária, com plantio de extensas áreas de monocultura temporária, principalmente soja e algodão. Esse tipo de agricultura, por utilizar-se de pacotes tecnológicos altamente tecnificados, emprega grandes quantidades de agrotóxicos e pesticidas, acompanhados do uso intensivo do solo. Essa prática ocasiona um excessivo desgaste e perda de solo na região.

O Parque é praticamente todo cercado por propriedades que praticam cultivos temporários e altamente tecnificados, o emprego de pulverização aérea é constante na área, fator esse que vem afetando a fauna da UC

A pecuária, na sua maioria, é extensiva.

Atualmente encontra-se em processo de licenciamento a construção de uma pequena central hidrelétrica, nos municípios de Serranópolis e Aporé, cujos impactos estão associados ao enchimento de seu reservatório, que afetaria o corredor ecológico do Rio Corrente e os seus formadores, Jacuba e Formoso.

O empreendimento está sendo licenciado pelo IBAMA que já se pronunciou contrário ao primeiro projeto.

Outro projeto em desenvolvimento no entorno do Parna que já apresenta grande impacto, é a ferrovia Ferronorte, que tem dificultado o fluxo de animais entre o corredor cerrado-pantanal.

O Parque encontra-se com 94% de sua área total em situação Fundiária regularizada. Os 6% restantes encontram-se com uma ação reivindicatória pela posse da terra. Apesar dessa situação, o Parque não conta com qualquer tipo de ocupação por posseiros.

Mais Informações (64) 99948-5233